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Yoko Ono @Serpentine Gallery

8 jul

A Serpentine Gallery é uma galeria de arte contemporânea localizada no Kensignton Gardens/Hyde Park. E o melhor, é totalmente gratuita, como muitas atrações culturais de Londres. Se você estiver de passagem por Londres e estiver passeando no Hyde Park, sempre é uma boa pedida dar uma paradinha lá e ver o que está rolando.

Atualmente a Serpentine Gallery está exibindo uma grande exposição da Yoko Ono, abrangendo 50 anos de trabalho da artista.

Fui até o Hyde Park semana passada passear de bicicleta (barclays cycle hire – bicicletas da prefeitura para alugar, bem fáceis de usar e tem em todo canto na área central!) e aproveitamos para ver a exposição. Apesar da minha dificuldade de entender e me conectar com arte contemporânea, eu gostei bastante. A exposição mistura som, imagens, palavras, objetos e a todo momento convida você a interagir com as obras.

Fique super intrigada com uma instalação da mostra. Numa sala havia dois vídeos sendo exibidos ao mesmo tempo, um de 1963 e o outro de 2003. No vídeo, a Yoko Ono se colocava como objeto de intervenção. Ela ficava sentada imóvel para uma platéia, enquanto os espectadores subiam no palco e rasgavam um pedaço de sua roupa. Ela fez esse “experimento” em 1963 e repetiu em 2003, 40 anos depois. E não é que o vídeo de 63 acabou 3 vezes, enquanto o de 2003 não acabava nunca?! Sabem por quê? No de 63, logo veio um carinha e cortou o sutiã dela, enquanto o de 2003 ninguém tinha coragem de fazer isso! Ficavam cortando pedaços mínimos da saia, mas ninguém ousou cortar o sutiã (um até corta uma alça, mas a outra fica lá até o fim do vídeo!).

Bem, isso sucitou uma série de interpretações, já que não há nenhuma pista, título para essa instalação. Primeiro, em 2003 era o corpo de uma senhora que estava sentada naquela cadeira, o que pode ter gerado um desconforto maior em despi-la. Segundo, em 2003 a Yoko Ono era a Yoko Ono, uma artista famosa e respeitada, o que também pode ter inibido o público a avançar mais. Terceiro, vivemos numa época do “politicamente correto”, diferente dos anos 60, o que, de alguma forma, não só a linguagem é atingida (no sentido de ser o mais neutra o possível), mas as posturas também!

Fiquei pensando sobre o que aconteceria em 2043, se esse vídeo pudesse ser replicado pela Yoko Ono…

Bem, a exposição é gratuita e fica em cartaz até 09 de setembro. Para saber mais sobre a exposição To the light, acesse aqui: http://www.serpentinegallery.org/2011/03/yoko_ono_to_the_light.html

Para uma discussão maior sobre a exposição: http://www.telegraph.co.uk/culture/art/art-reviews/9338857/Yoko-Ono-To-The-Light-Serpentine-Gallery-review.html

Wish Tree…árvore dos desejos!

Museu da Infância

24 maio

Recentemente, meio que por acaso, visitei o Museu da Infância (V&A Museum of Childhood) daqui de Londres. Já havia ouvido falar sobre esse museu, mas como ele fica do lado leste da cidade, longe da área onde moro e circulo mais, nunca havia tido a oportunidade de visitá-lo. Mas estava turistando outro dia com uma amiga, tentando chegar num dos mercados do Leste – o Broadway Market – quando nos deparamos com o Museu da Infância. É claro que paramos nele, afinal, estava um tempo londrino daqueles, o museu é gratuito e a temática bem atrativa para duas psicólogas de formação.

Foto Ricardo Acioli

E é claro que amei o museu. Ele não é grande e está longe de ser um dos museus imperdíveis e principais de Londres, como alguns que já citei aqui. Mas, acho uma boa pedida para quem mora na cidade ou para quem já esteve em Londres por muitas vezes e já viu o clássico. Também pode ser bem interessante para quem estiver com crianças, assim como o Museu de História Natural e o de Ciência, também atrativos para o público infanto-juvenil. O melhor é que enquanto as crianças se divertam, os pais também se divertem relembrando e conhecendo mais sobre os brinquedos de sua infância.

Foto Ricardo Acioli

O acervo é riquíssimo, com objetos desde 1600 até os dias de hoje. É legal ver a história da infância pelos seus artefatos. Lembrei das aulas de psicologia do desenvolvimento, da Professora Lúcia Rabello, na qual discutíamos o conceito de infância. Há um momento histórico no qual essa fase passou a receber atenção especial, passando a ser alvo de diversos saberes. Por muito tempo, não existia uma demarcação clara entre a vida adulta e a infantil, e a criança era vista como quase um adulto em miniatura.

Parquinho de areia dentro do museu para os pequenos!

O interessante – que o museu aborda também – é que a infância continua se modificando, não só por conta da revolução digital, como também por conta do processo de urbanização pelo qual o mundo inteiro está passando. As cidades estão maiores do que nunca e, com isso, problemas ligados ao urbano tem afetado muito o “ser criança”, que hoje vive muito mais dentro de espaços fechados, uma vez que a rua virou sinônimo do lugar do desconhecido, do perigo, do medo, onde ninguém conhece ninguém e ninguém confia em ninguém.  Então, seja no Rio de Janeiro ou Londres, a brincadeira de rua, os amigos de ruas, a vizinhança conhecida, em uma certa medida, já não fazem mais parte da sociabilidade do tempo atual, o que deixa alguns mais velhos nostágicos sobre o tempo em que se podia brincar na rua descalço; ou outros apavorados sobre o que fazer com os filhos vidrados em computador, videogame e TV e uma série de problemas vinculados a isso, como obesidade infantil. Outros “novos perigos” ligados à infância são o consumismo desenfreado, a sexualização e a transformação deles em pequenos adultos…(Será que estamos retornando ao passado?). Enfim, pano pra manga essa discussão, né?

Foto Ricardo Acioli

Gostei também de ver que alguns brinquedos são atemporais, como o peão e também sobre a eterna divisão de sexos relativa ao brincar. Brinquedos do século 17  já demarcavam bem a diferença entre os sexos – os brinquedos femininos voltados para a vida doméstica, como ferro de passar, panelinhas, carrinho de bebê, por exemplo, e os masculinos ligados a alguma ação qualquer (bola, carrinho, etc). Acho que isso se perdura até hoje! Eu, massificada pelos brinquedos femininos que me deram a vida inteira, adorei as lindas casas de bonecas.rs! Parecem obras de arte e não só, são interessantíssimas para entendermos a vida privada do século 17, 18 e 19…

Bem, para quem se interessar, a estação de metrô do museu é Bethnal Green. Mais instruções como chegar aqui.

Hot Brazil

9 fev

Sexta-feira retrasada fui no “late night” do museu Victoria and Albert (V&A), que tinha como tema o Brasil. Já contei um pouco como funcionam os principais museus de Londres em posts anteriores e esse tipo de evento exemplifica bem o que disse antes sobre os museus serem mais do que museus aqui, servindo como importantes espaços de socialização. E daí a resistência enorme a se tornarem pagos (não é para turista, o Londrino usa muito!!!).

Essas “late nights” são como se fossem uma noitadinha que os museus fazem uma vez na semana (ou mês, depende). Nesses dias, o museu fica aberto até mais tarde, tem DJ, bebidas e atrações especiais.

E o último Friday Late do V&A foi sobre o Brasil, chamado “Hot Brazil”, que ganhou esse nome por conta da proximidade do Carnaval. Filmes, debates, instalações, workshops e música brasileira tomaram conta da noite.

Bar

Uma artista Brasileira, chamada Silvia Morgado, que mora e trabalha aqui, estava com um trabalho lá chamado “Free Advice”, que obviamente me lembrou todos os meus amigos “psi”. Ela ficava sentada numa cadeira com uma máquina de escrever dando conselhos. Era só sentar ao lado dela e começar a falar! No final, você ganhava uma prescrição – escrita na hora – que nada mais era do que uma letra de música da bossa nova ou um poema brasileiro. E não é que tinha uma fila enorme para a consulta?

A verdade verdadeira é que não consegui aproveitar muito o evento. Estava muito cheio, difícil de pegar bebidas e muita fila para ver o que estava rolando. Mas mesmo assim valeu à pena. Gosto muito da forma pela qual os museus são consumidos aqui. No geral, não há muita formalidade. Você pode sentar no chão, tirar fotos, fazer uma noitadinha nele, bater papo, comer…acho isso essencial para “deselitizar” a arte e torná-la mais comum e acessível. Às vezes as restrições são tantas quando se trata de museus, que o programa se torna chato e pouco atrativo para aqueles que não são “tarados” por arte.

Para finalizar a noite agradável, comida libanesa boa e honesta no Maroush

A seguir, um video do batuque lá dentro…

Museu do Freud

20 nov

Desde que cheguei a Londres queria visitar o museu do Freud, mas acabei protelando, protelando e só mês passado consegui dar um pulo lá, aproveitando que 3 amigos psicólogos estavam me visitando. E valeu a pena esperar para ir com eles e relembrar os nosso tempos de faculdade!

Na verdade o museu do Freud é a casa que ele morou em Londres quando teve que fugir da Áustria após a invasão nazista. Freud era judeu e desde 1933 as suas obras começaram a ser queimadas publicamente na Alemanha pelos nazistas. Freud resistiu o que pode, mas em 1938, aos 82 anos, teve que abandonar a sua casa em Viena.

Freud permaneceu em Londres até a sua morte, em 1939. Morou em Londres somente um ano, mas foi aqui que terminou o texto “Moisés e o monoteísmo” e onde escreveu o seu trabalho final, “O esboço de psicanálise”. Mesmo com 82 anos, continuou a atender aqui em Londres.

O interessante da casa é que a família conseguiu recriar o escritório de Freud exatamente como era em Viena. E foi emocionante ver o divã original, ver as obras de arte, os quadros, os livros, enfim, tudo que servia de inspiração para Freud escrever a sua extensa obra.

No segundo andar da casa fiquei surpresa ao me deparar com dois quadros feitos pelo paciente do famoso caso “O homem dos lobos”. Um ele assinou com o seu verdadeiro nome e o outro, com o pseudônimo dado por Freud, o homem dos lobos.

Há também um retrato do Freud feito pelo artista surrealista Salvador Dali. O movimento surrealista foi influenciado pela psicanálise, já que a ideia era se libertar das amarras do consciente. Parece que Dali perguntou ao Freud o que ele achava de sua obra. E Freud respondeu: quando eu vejo uma obra de arte, eu sempre procuro o inconsciente nela e na sua, eu só vejo o consciente. Podem imaginar o golpe que foi para Dali ouvir isso! Conversando depois sobre isso com pessoas mais ligadas em arte, soube que Dali era questionado se era realmente um artista surrealista, por justamente ser muito consciente e preocupado com a forma.

A casa é pequena e a visita fica mais interessante se feita com o audio guide, pois assim ficamos sabendo das estórias que acompanham cada objeto. Há em português e custa só 1 libra! Não vou dizer que é um programa imperdível para quem vem a Londres, mas arriscaria dizer que para o fãs da psicanálise, sim, pode ser uma visita emocionante! Uma pena não poder tirar fotos lá dentro!

A Estação de metrô mais próxima é a Finchley Road. Mais informações no site: http://www.freud.org.uk/

Principais Museus de Londres

2 out

Nesse mês nada menos que 6 pessoas passarão pela minha casa. Cada um numa semana, alguns se esbarrando, outros não. Por conta disso, tenho trocado intensos emails “explicativos”, desde os mais burocráticos, relativo aos transportes, quanto os mais turísticos, sobre a cidade e suas atrações. Este post é resultado dessas conversas no privado!

Os maiores e mais importantes museus de Londres são gratuitos. Não pensem que por serem gratuitos são museus “caídos”. Justamente o contrário! São museus enormes, com uma vasta coleção e muito bem conservados! Há muitos turistas, mas também muito morador da cidade. Por serem espaços gratuitos, são lugares para se voltar muitas vezes, nem que seja só para entrar rapidinho, tomar um café e ir ao banheiro (são ótimos, geralmente!). E no inverno, com a impossibilidade de ocupar os espaços ao ar livre, são ótimos locais para se passar o dia. Alguns deles ficam cheios de crianças, há muitas famílias fazendo o programa de domingo neles, como já falei um pouco num post anterior.

Acho um desperdício não aproveitar essa vantagem, não somente por conta da gratuidade, mas pela possibilidade de aproveitar esses museus sem aquele peso do “agora que paguei, tenho que ver tudo!”. Como são bem localizados, em áreas bem turísticas, não custa nada entrar e dar uma conferida, sem compromisso mesmo. Se gostar, fica mais, se não, vê quais são as galerias mais indicadas e tchau. Afinal, nem todo mundo é obrigado a gostar de arte e, se obrigar a fazer todo o circuito, pode ser muito cansativo e chato.

Então vamos aos dito cujos: National Gallery, British Museun, Tate Modern, Science Museun, National History Museun e o Victoria & Albert Museun.

A National Gallery é uma  galeria dedicada à pintura Europeia Ocidental, do século 13 ao 19. São mais de 2300 quadros. O site é bem legal de ser olhado, pois ele indica os 30 quadros imperdíveis, que incluem obras dos famosos Monet, Van Gogh, Cézanne, Da Vinci, Rembrandt, Michelangelo, etc. Pode ser uma boa orientação de como explorar esse museu! Além disso, essa galeria fica na Trafalgar Square, praça turística – onde acontecem vários eventos –  e bem central, perto de Buckinghan, Leicester Square, Covent Garden, áreas que provavelmente serão passadas se você está aqui a turismo. E por que não entrar? Ao lado da National Gallery se encontra a National Portrait Gallery voltada exclusivamente para o retrato de britânicos historicamente importantes. Não sou fã dessa galeria, mas conheço pessoas que amam, pois aquelas pinturas posadas seriam a fotografia da época.

National Gallery

O British Museun  é imperdível para quem adora história. É um dos maiores museus dedicado à história da humanidade, cobrindo todos os continentes. O seu acervo conta com mais de 7 millhões de peças. É um choque quando se chega nele, pois há fontes, portais, estátuas enormes e paredes inteiras de diversas épocas e partes do mundo. Para alguns ele é símbolo do imperialismo e demonstra o quanto a Inglaterra saqueou o mundo inteiro. Inclusive, metade do que sobrou do Parthernon está lá e uma briga é travada desde os anos 80 com as autoridades gregas, que reivindicam essas peças, trazidas entre 1801 e 1805 pelo Lord Elgin. As autoridades gregas questionam a legalidade do direito do British Museun sobre as peças e o British Museun, por sua vez, se recusa a perder esse direito alegando que é um museu dedicado a cultura da humanidade e para a humanidade e, por isso, ele é gratuito, dividindo esse patrimônio cultural com mais de 6 millhões de visitantes que recebe anualmente. O legal é que na parte dedicada à Grécia, há um papel exposto aos visitantes explicando a “briga” e contatos do site do British Museun e do Hellenic Ministry of Culture para você ter acesso aos dois lados da história. Tentando ser breve, nesse museu se pode ver a Rosetta Stone, pedra a partir da qual se pôde decifrar os hieróglifos. A seção das múmias também é sensacional (Egyptian death and afterlife: mummies)

British Museun

Tate Modern é um museu dedicado a arte moderna e contemporânea, localizado na beira do Tâmisa. A área é linda. Em sua frente há a Milleniun Bridge – ponte para pedestre construída para comemorar os anos 2000, que dá na linda e importante catedral St Paul – e ao lado o Shakespeare Globe. Sem contar que a sua estrutura é o máximo, pois esse museu ocupa uma antiga estação de energia e, portanto, tem aquela estrutura de fábrica, com um chaminézão. Adoro esse contraste, de uma estrutura dura de fábrica no exterior e, no interior, um museu de arte moderna! O seu acervo é composto por arte do século XX e é dividido em temas: Poesia e sonho (surrealismo); Material Gesture (expressionismo); Energia e processo (arte povera); Estados de Fluxo (Cubismo, Futurismo, Vorticismo e Pop Art). Tem uma outra Tate em Londres, a Britain, dedicada a arte inglesa, mas a Modern é mais interessante, a não ser que você seja interessado em arte britânica e suas influências, particularmente.

Tate Modern

Vista da varanda do Tate. Ao fundo St Paul e à esquerda a Milleniun Bridge

Alguma obra do Tate - não me lembro o nome do artista!

O Natural History Museun, o Science Museun e o Victoria & Albert Museun (V&A) são três museus localizados em South Kensington, um ao lado do outro. Ficam bem perto do Hyde Park/Kensigton Gardens. Quem for a esses museus, pode aproveitar para ver o Albert Memorial no Kensington Gardens, um monumento super bonito em homenagem ao Príncipe Albert, encomendado pela rainha Victoria em homenagem ao marido falecido (em frente se localiza o Albert Hall, casa de concerto super bonita!)

O Natural History Museun é dedicado à história natural, ou seja, a tudo que se relaciona ao desenvolvimento das espécies e do planeta terra. Se estiver acompanhado de alguma criança, ele é imperdível. A parte dos dinossauros é super atrativa para os pequenos. Aliás, nesse museu e no de ciência você verá muitas crianças, fazendo uma farra só! Eu gosto das galerias dedicadas ao planeta terra!

Natural History Museun

Entrada da parte do Planeta Terra do Natural History Museun

O Science Museun é dedicado à ciência. Ele é bem interativo e também lotado de criança. Ele conta o desenvolvimento da ciência ao longo do tempo em relação a várias áreas, como matemática, aviação, computação, telecomunicação e por aí vai. Eu gosto bastante, acho que é uma boa pedida se você já não aguenta mais ver pintura e escultura pela frente!

Science Museun

Por fim, O V&A Museun é um museu dedicado a arte decorativa, com uma coleção permanente de mais de 4 milhões de objetos. Você encontrará nesse museu um pouco de tudo, roupa, escultura, jóias, tapeçaria, pilastras, tumbas, quadros, mobília de tudo quanto é lugar do mundo. Gosto particularmente da galeria sobre vestuário (como mudamos no modo de nos vestirmos em tão pouco tempo!) e as de jóias (impressionante, há jóias do mundo todo, algumas de antes de Cristo!). Vale a pena dar uma passadinha no café, que é lindíssimo e, se for verão, sentar no jardim interno do museu, onde as pessoas deitam na grama e se refrescam na água da fonte.

V&A Museun

Para mais detalhes, acessem os sites dos museus. Geralmente há  indicações do que é imperdível, importantíssimo para você programar a sua visita, principalmente se você não tem muitos dias na cidade e não pode se dar o luxo de perder horas a fio num museu só. Por curiosidade, olhem a lista de workshops e atividades de entretenimento infantil que acontecem nesses museus. Às vezes há “noitadas”, com DJ e tudo!

Estações de metrô:
– National Gallery: Charing Cross; Leicester Square.
– British Museun: Holborn; Russel Square.
– National History, Science Museun e V&A Museun: South Kensington.
– Tate: St Paul; Southwark.

Saatchi Gallery

2 ago

A Saatchi Galery é uma galeria voltada somente para arte contemporânea. Ela é totalmente gratuita – como já mencionei aqui, em Londres há um incentivo enorme à produção cultural, existindo muitos museus, eventos e galerias de arte absolutamente free. A Saatchi Galery existe há 25 anos e surgiu para divulgar a arte contemporânea, lançando artistas desconhecidos tanto para o público em geral, quanto para o mercado de arte. Mesmo sem ser apreciadora, fui lá conferir.

Sempre tive muitas resistências à arte contemporânea, talvez por tentar achar respostas lógicas ou unidade nessa arte tão diversa e livre. O que mais me deixa “chateada” nesse tipo de arte é a falta de um título sequer. Você olha, olha, olha e pensa: Que cargas d’águas esse artista pensou para fazer essa obra? Por que isso é arte? Quem disse que isso é arte? Por que o que eu faço na minha casa não é considerado arte e essa privada no meio da galeria é?

Na verdade, acho que meu problema é que quero sempre achar um sentido nas coisas, sempre demando um texto que me dê alguma pista sobre o que pensar. Daí a bronca quando vejo uma obra sem título (rs!). A minha compreensão está tão ligada a um texto, a alguma explicação, que não consigo sentir a obra por mim mesmo. E como não me conecto, não entendo, não sinto e não gosto.

O interessante e bacana dessa arte é essa tentativa de tirar o espectador do lugar de espectador, de dar conta dessa passividade que acaba nos capturando quando vamos a um museu e assistimos tudo aquilo como algo extraordinário porque alguém um dia disse que assim era. Às vezes vejo a arte contemporânea como uma provocação.

Claro que isso não é o suficiente para eu ser apaixonada por esta arte, pelos motivos que já expliquei acima. Mas acho que muitas vezes ela é pega para Cristo e desvalorizada por essa falta de rigor nos seus limites, “mas pode tudo?”, “qualquer coisa é arte?”. De repente precisaremos analisá-la daqui a 50 anos para conseguir ver alguma unidade e os traços da nossa época e assim valorizá-la, coisa que não conseguimos fazer agora porque estamos no calor dos acontecimentos.

Quem quiser ler mais sobre esse assunto, há um post que eu acho fantástico sobre o tema, chamado Arte é o que você quiser, no blog Dorothea da jornalista Renata Peppl. Vale a pena conferir, pois ela discute a questão com muito mais propriedade do que esta que vos fala.

A estação de metrô mais próxima é a Sloane Square e o endereço:

Duke of York’s HQ
King’s Road
London
SW3 4SQ

Imperial War Museun

2 jun

Quando achava que já tinha esgotado todas as minhas possibilidades de museus interessantes e gratuitos em Londres, “descobri” o Imperial War Museun, que eu simplesmente amei.

Os maiores museus de Londres são gratuitos. E não pensem que são museus chinfrins não! São museus enormes com uma vasta coleção e variados entre si. A lista é grande: National Gallery, British Museun, Natural History Museun, Science Museun, Victoria & Albert Museun, Tate Modern e por aí vai.

Eu nunca consegui ver a coleção permanente inteira desses museus e nunca me importei com isso. Como é gratuito, absorvo tudo sem pressa, no meu tempo, no momento que estou disponível. E é tão bom entrar e sair dos museus sem pagar! Isso cria uma relação diferente com os moradores da cidade, pois eles são utilizados por todos, são acessíveis e não pertencem somente a um público apreciador de arte. Eles estão lá, para serem usados por um público diverso, com diferentes propósitos. Há famílias inteiras que passam o fim de semana dentro do museu, almoçam, tomam café, participam das atividades interativas paras as crianças; há trabalhadores que trabalham em suas redondezas e vão almoçar nos seus jardins ou pátio; há alunos com pranchetas, desenhando, anotando, pintando; há turistas fotografando tudo e falando diferentes línguas; há pessoas de passagem, que entram no museu exclusivamente para usar os banheiros e aproveitam para dar uma olhadinha em algo…

Galera tomando um sol em frente ao British Museun

Galera se refrescando no Victoria & Albert Museun

Mas hoje quero falar do Imperial War Museun. Ele não está na lista dos maiores e nem dos mais famosos museus de Londres, mas encontrá-lo foi uma surpresa. Eu achava que o War Museun era um museu sobre tecnologia de guerra, sobre tanques, canhões, armamentos, etc. E isso sinceramente não estava na lista dos meus interesses. Até uma prima, a Luiza, vir nos visitar e falar que  o War Museun era o que ela tinha mais gostado. E daí fui lá conferi-lo por esses dias e vou voltar certamente!

Imperial War Museun

O Imperial War Museun é muito mais sobre o impacto da guerra na vida das pessoas do que propriamente sobre a guerra em si. Ele é dividido por temas: Primeira Guerra Mundial, Segunda Guerra Mundial, Conflitos pós-1945, Crianças na guerra, Holocausto, entre outros.

Imperial War Museun

E foi justamente por poder “ver” o impacto da guerra nas relações sociais, no cotidiano das pessoas, que eu gostei tanto desse museu. O cartaz abaixo (a foto está péssima) ilustra bem essa modificação, quando as mulheres durante a Segunda Guerra Mundial, por exemplo, precisaram assumir diversas funções outrora masculinas, alterando para sempre o papel da mulher na sociedade.

British Women! The Royal air force needs your help!

Cartazes de convocação para a guerra, pedaços de jornais anunciando o racionamento de comida, instruções a serem seguidas no caso de bomba e recomendações de medidas “simples” – como não acender nenhuma luz depois de escurecer, para o local não virar alvo de ataque, ou até mesmo ter cuidado com o que falar pois poderia ser muito perigoso -, te colocam em contato direto com o sofrimento, com as perdas, com as separações, com as privações impostas pelo tempo de guerra.

Your contry needs you

Na parte da Primeira Guerra Mundial há uma Trenche Experience, montagem que simula uma trincheira e na parte da segunda guerra, uma Blitz Experience, que simula um ataque.

Havia placas nas trincheiras !

Suicide Corner - umas das placas "macabras"

A exposição do Holocausto é a maior exposição permanente sobre o tema. As fotos e os relatos são emocionantes e apavorantes. Foi a primeira vez, numa guerra, que recursos industriais foram utilizados para o extermínio em massa. E a pergunta “Como teve lugar na história mundial tamanho genocídio?” não sai da cabeça. Quando falamos em holocausto pensamos logo em judeu, porém, não podemos esquecer que os ciganos, homossexuais, pessoas com deficiências, testemunhas de Jeová, entre outros, também foram perseguidos e exterminados. E quanta criança morreu, por volta de 1,5 milhões!!! Estima-se que, no total, 60 milhões de pessoas morreram durante a Segunda Guerra Mundial…

Essa foto é fantástica! Mulher chorando fazendo saudação a Hitler...

Na parte Crianças na Guerra, havia um relato de uma pessoa que tinha vivido os horrores da Segunda Guerra Mundial dos 11 aos 17 anos. Outro, falava do momento em que se separou dos pais…

"Will I ever see my parents again?"

Acho que à medida que vou conhecendo a história do continente Europeu, vou entendendo melhor as pessoas daqui. No começo ficava impressionada com a economia que eles fazem de tudo. O guardanapo é contado, as casas não tem tanques, os banheiros e a cozinha não tem ralos – o que nos impede de jogar um balde de água e dar aquela lavada -, muitos tomam banho de banheira, embora tenham chuveiro…achava que isso tinha a ver com um conceito diferente de higiene. Mas a cada dia percebo que não! Estou cada vez mais inclinada a achar que tem a ver com as muitas guerras que esse continente atravessou. Eles aprenderam a racionar, a viver com limitações e tiveram que ser práticos para reconstruir os seus países assolados pelas muitas batalhas travadas aqui!

"I pray you to believe what I have said, I reported what I saw and heard but only part of it. For most of it I have no words". Ed Murrow, Buchenwald, 1945

Para ir ao Imperial War Museun, a estação de metrô mais próxima é a Lambeth North, Bakerloo line.