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Sul da França

8 jun

Esta viagem foi super inesperada. Uma amiga estava vindo do Brasil e queria encontrar comigo e com uma outra amiga que mora na França. Pensamos, então, num território neutro. E deu tudo certo. Um sugeriu o sul da França e quando conferimos, as passagens estavam bem baratas, considerando  que a região é caríssima, principalmente no verão.

A princípio, pensamos em ficar num albergue em Nice, cidade para qual era o nosso vôo de chegada e partida. Porém, os preços estavam bem elevados. Como éramos 5, decidimos alugar um carro e ficar numa cidade ao lado de Nice (10 min do aeroporto), chamada Cagnes-sur-mer. E, por muita sorte, pesquisando hospedagem no site expedia, achamos um apê de dois quartos para alugar. Perfeito!

Apê

Economizamos muito, na verdade. Ficar numa casa sempre é mais barato. Fazíamos compras num supermercado perto e comemos fora mesmo somente dois dias. Um dia em Mônaco, quando estava comemorando 11 anos de namoro, ocasião especialíssima, e no último dia, quando fizemos questão de fazer um almoço longo para nos despedir da França e dos amigos, já que cada um seguiu para um lugar diferente. A gente fazia um café-da-manhã reforçado, beliscava qualquer coisa durante o dia e à noite passávamos no mercado para comprar comida e vinho. E o mercado é bem barato, se pode comprar queijos deliciosos a preço de banana e vinho também.

Almoço de despedida em Villefranche-sur-mer

Bem, mas voltando ao que interessa. Nessa viagem combinamos cidades de praia com cidades de montanha. Passamos, basicamente, pelas seguintes lugares: Nice, Vence, St Paul de Vence, Èze, Cannes, Juan-le-Pin, Villefranche-sur-mer, Cap Ferrat e Mônaco (que é uma cidade-estado, ou seja, independente e com governo próprio)

Café-da-manhã na varanda

Nice é uma cidade bem populosa, a quinta maior da França. Para falar a verdade, não exploramos muito Nice não. Basicamente caminhamos pela famosa Promenade des Anglais ( a avenida atlântica de Nice), visitamos a parte velha da cidade (bem charmosinha) e subimos numa espécie de fortaleza para ver Nice de cima. Além disso, tentamos ir a um cassino na Promenade des Anglais, mas foi bem caído. Ele era pequeno e o clima estava bem estranho, muitas pessoas vidradas olhando aquelas maquininhas…não curti não!

Promenade des Anglais – Nice

Vence é uma cidade localizada nos Alpes Marítimos. Visitamos a vila medieval do século 12, bem interessante. Essa parte é toda murada e ficamos impressionados com a arte de rua dela. Havia vários grafites interessantíssimos.

Vence

Mas gostei mais de Saint-Paul de Vence, que fica bem ao lado de Vence, no alto de uma montanha, com uma vista lindíssima da região. A cidade é micro, mas lotada de galerias de arte e restaurantes. A cidade tem uma tradição de abrigar artistas e ela respira arte mesmo, parecendo ser este o carro-chefe dela.

St Paul de Vence

St Paul de Vence

Fomos a Cannes também. Chegamos e fomos direto para a praia. O tempo estava excelente nesse dia e queríamos curtir um pouco o Sol. Depois fomos andar na Croissete, a famosa orla de Cannes, cheia de lojas carérrimas, hotéis e onde ocorre o famoso festival de cinema. Adorei o clima de Cannes! Fomos 1 semana antes do festival e pegamos toda a montagem dele. A cidade estava respirando cinema…no pôr-do-sol, fomos para a cidade de velha, que fica no alto e tem uma ótima vista da cidade.

Praia de Cannes

Eu tietando a mão da Meryl Strepp…rs!

Estação de ônibus – cinema para todo o canto

No caminho para Cannes paramos em Juan-le-Pins, umas das praias da região que Brigitte Bardot frequentava. Na verdade ela não tem nada demais, mas foi bom, de qualquer forma, para dar um mergulho e pegar um solzinho.

Juan-le-pins/Foto: Ricardo Acioli

Èze também é uma cidadezinha medieval no topo de um morro. A diferença é que ela tem uma linda vista para o mar mediterrâneo. Ela é mais uma cidadezinha charmosa da área, cheia de restaurantes e galerias de arte.

Villefrance-sur-mer foi uma das cidades de que mais gostei, juntamente com Cannes. Ela fica na encosta, margeando o lindo azul do mar. É lindíssima e cheia de restaurantes ao ar livre charmosos. De tão linda, já foi cenário de vários filmes. Fizemos questão de fazer um longo almoço ao ar livre, para aproveitar o delicioso clima da cidade.

Me apaixonei por essa cidade / Villefranche-Sur-Mer

Villefranche-sur-mer

Villefranche-sur-mer – não é à toa que essa região é chamada de Costa Azul/ Foto: Ricardo Acioli

Paramos também em Cap Ferrat que, como as outras, tem um porto cheio de barcos carérrimos e restaurantes ao ar livre para aproveitar o bom clima costeiro.

Próximo post: Mônaco!

Hotel: Residence Le Crystal

Mapa:

Uma vida no campo (Interior da França – Parte 2)!

12 maio

No post anterior descrevi o nosso percurso pelas cidades que tinham relação com a família do meu marido. Nesse post falo de outras cidades lindíssimas pelas quais passamos nessa viagem de 1 semana pelo interior francês, riquíssimo em história, castelos medievais e boa comida, apesar de não ser tão conhecido.

Vacas do Limosin

Collonges-la-Rouge é uma cidade fundada no século 8. Ela é mais uma dessas cidades pequeninas por qual passamos. Porém, o que impressiona e a diferencia das outras é a sua arquitetura. Ela é toda vermelha! No dia em que fomos lá, o cenário estava perfeito por conta do contraste das cores provocado pelo vermelho das casas, o céu azul, o mato verdinho ao redor e um sol brilhante. O tempo estava tão divino, que almoçamos ao ar livre, sem pressa alguma.

Collanges-la-Rouge

Almocinho delícia ao ar livre em Collonges

Turenne é uma cidade medieval localizada na encosta de um penhasco. Ela foi o último feudo independente da França, pertencendo à família La Tour até 1738. Já na estrada, é possível vê-la no alto do morro e o que sobrou do castelo de Turenne. No guia da Folha de São Paulo, ela é considerada a cidade medieval mais atraente da Corrèze, embora não seja tão visitada como Collanges. Visitamos as ruínas do castelo, onde se tem uma linda vista do entorno. Bem, não sei se ela é a mais atraente, mas acho que com certeza vale a visita.

Turenne

Turenne

Sarlat-la-Caneda é uma jóia. Ela possui a maior concentração de fachadas medievais, renascentistas e do século 17 dentre as cidades francesas, sendo basicamente um museu ao ar livre. E ela impressiona mesmo! Nos programamos para visitá-la no sábado, quando acontece um mega mercado ao ar livre, famoso por ser um dos melhores do país. Infelizmente choveu muito nesse dia e não pudemos aproveitar a cidade em sua potencialidade, mas mesmo assim foi sensacional.

Sarlat

Rocamadour é uma cidade de peregrinação desde 1166, quando um corpo ainda conservado foi achado num túmulo. Diz a lenda que uma série de milagres teriam acontecido sobre a Virgem Negra e o Menino na capela da cidade após essa descoberta.

Virgem negra/ foto Ricardo Acioli

Desde então a cidade virou rota de perigrinação, atraindo andarilhos do mundo inteiro. A cidade em si é bem bonita, pois fica encrustada na pedra. É legal vê-la de longe, para se ter uma ideia sobre a sua construção peculiar. A melhor vista é da aldeia L’Hospitalet, dica que pegamos num guia turístico.

Rocamadour/ Foto Ricardo Acioli

La Roque-Gageac é uma cidadezinha que impressiona. Ela fica na beira do rio e parece talhada na pedra. O cenário é lindíssimo, o rio, o castelo e a cidade na pedra! Acredita-se que essa cidade é habitada desde os tempos pre-históricos! O nosso único lamento foi de não ter podido ficar mais tempo nela, pois o dia reservado para a sua visita foi um dia com um tempo terrível, o que prejudicou a nossa programação. Já chegamos nela no fim da tarde e ainda com uma cidade para conhecer. Mas tudo bem, sempre é bom ter motivos para voltar!!=)

La Roque Gageac

Visitamos também um dos mais importantes castelos da região da Dordogne, o Castelo de Benyac. Esse castelo impressiona por se localizar estrategicamente num alto de uma montanha. De longe, já se pode vê-lo, imponente. E o castelo em si é bem bonito, pode-se visitar parte dele, já que uma outra parte é habitado (chocante, né?). E a vista que se tem de lá em cima é de tirar o fôlego! De lá, avistam-se outros castelos, além do lindo serpentear do rio Dordogne. O castelo já foi locação de vários filmes, como o Joana D’Arc de Luc Besson e Chocolate (somente a sua vila).

Chateau Beynac/ Foto Ricardo Acioli

Um outro ponto alto da viagem foi a visita a Lascoux II. Lascaux é um conjunto de cavernas no qual foram encontrado pinturas paleolíticas de nada menos que 17.000 anos atrás. Ela foi descoberda na década de 40, porém, por conta do gás carbônico liberado pela respiração humana, as pinturas começaram a se danificar. Então, desde 1963, Lascoux é fechada ao público. Entretanto, uma enorme réplica bem fiel à original – Lascaux II – foi criada e aberta ao público em 1983 para que pessoas do mundo inteiro pudessem apreciar as impressionantes pinturas. Achei que fosse encontrar desenhos pequenos, pobres em detalhes, monocromáticos, mas não. As pinturas são coloridas e enormes! Há várias teorias sobre qual seria o propósito de Lascaux para o seu tempo e uma delas acredita que o local era um lugar de rituais com o objetivo de atrair uma boa época de caça. Outros acreditam que aquelas pinturas tinham como objetivo registrar estratégias de caça bem sucedidas. Enfim, ninguém sabe ao certo o que Lascaux era, mas que aquelas pinturas foram feitas pelos VanGoghs, Picassos, Da Vincis da “era das cavernas”, isso sim!

Montinhac – cidade na qual se compra o ingresso para Lascaux II/Infelizmente não se podia fotografar a gruta, mesmo sendo uma réplica.

Domme é uma cidadezinha medieval fortificada localizada em cima de uma falésia. Mais uma vez, o mesmo cenário. Ruas de comércio medievais, o rio Dordogne ao fundo e restaurantezinhos charmosos. Assim fica difícil de não se apaixonar pela França!

Domme

No nosso caminho entre uma cidade e outra, paramos em Gluges, cidade que não tem nada, a não ser uma igrejinha que Edith Piaf ajudava e passava férias.

Almoçamos também em Beaulieu-sur-dordogne, cidade bem agradável, com casas antiguíssimas e margeada pelo rio Dordogne. Vale à pena caminhar até as suas margens!

Pintura!

Paramos em Curemonte para ver por fora os seus dois castelos.

Fomos a Uzerche, que apesar de ser recomendada, não tivemos uma boa química com ela. Chegamos num domingo lá, estava tudo fechado e realmente não conseguimos nos impressionar com esta cidade, que dizem ter uma vista incrível por conta dos telhados cinzas de ardósia das casas na colina.

Por fim, visitamos também o Castelo de Pompadour. Ele é bonito, mas depois de tanta coisa linda, já estávamos meio vacinados e também cansados, que também não nos empolgamos. O legal da área são os cavalos, já que há um enorme haras em frente (e dentro do castelo também) e também o caminho para acessá-lo, passando pela rota das maças.

Rota das maças

Bem, para terminar, finalizo com um comentário sobre a comida regional. As comidas típicas dessas regiões são os cogumelhos setas e girolles, o fois gras (patê de ganso), pato e as trufas negras. A cada cantinho que íamos, era todo aquele ritual culinário francês com pão, vinho, entrada, prato principal, sobremesa e café. Nem preciso dizer que nos acabamos também no turismo culinário, que faz parte da cultura e turismo francês!

Li que a região está em decadência com a migração da população para as cidades em busca de melhores oportunidades e o declínio do modo de vida camponês, tendência do nosso tempo. Mas foi inevitável não pensar que uma casa no campo – para esticar as pernas quando elas estiverem pesadas com a idade, com um chá ao lado, vendo a vida passar olhando para um vale qualquer, com um rio serpenteando ao fundo – não ia ser nada mal!!! Será que estou virando inglesa e já sonhando com o “countryside”? hahahha. Eu hein, sai pra lá! =)

Esse é o mapa com as cidades pelas quais passamos:

Os de Lagaye e de Lanteuil – parte 1

2 maio

Nesse mês fizemos uma viagem muio especial de 1 semana pelo interior da França. O objetivo principal, na verdade, era conhecer as terras dos antepassados da família do Felipe. O meu sogro já  havia visitado essa parte da França duas vezes, pois ele é fissurado em história em geral, e não podia ser diferente em se tratando da própria família. Então, ele quis reunir os filhos para mostrar da onde parte da família deles vieram. E, eu, como sou uma de Lanteuil agora, “entrei de gaiato nesse navio”…rs!

Por conta disso, fomos a cidades nada turísticas, bem pequeninas, algumas com somente quatro casas e um tanto quanto fantasmas. Mas também aproveitamos para conhecer as cidadezinhas da redondeza recomendadas pelos guias turísticos. Na verdade, essa viagem superou qualquer expectativa. Lembro que o Felipe comentou com uma colega de trabalho francesa que estava indo para essas regiões e ela ficou chocada “Mas o que vocês vão fazer lá, não tem nada!”. Ledo engano! As regiões que visitamos são cheias de história pra contar, castelos e cidades medievais, comida caseira divina (do interiô!), rios e cidades encrustadas na pedra.

Bem, começo com uma breve histórico da família para depois entrar no roteiro em si. Os sobrenomes do Felipe são “de Lagaye” e “de Lanteuil”. Esses “de” significam que eles vieram de famílias nobres, já que trazem os nomes das terras que pertenciam à família. Nobres de coração, eu já sabia que eram há muito tempo, então não foi nenhuma surpresa isso! =)

Bem, como não dá para recapitular toda a genealogia da família, registro aqui a parte na qual as famílias Gaye (que virou “de La Gaye” e depois “de Lagaye” ao longo dos anos) e Lanteuil se uniram.

“Os senhores de Lagaye”

Em 1550, a família Gaye habita o Castelo de Gaye, em Lostanges, na Corrèze. Por volta de 1580, Pierre de Gaye ganha um título de nobreza ao se tornar “Conseiller Sécretaire” do rei Henri IV. Porém, foi somente em 1683 que Pierre Gabriel de Gaye – neto de Pierre de Gaye –  adquire Lanteuil através do casamento com Jeanne d’Estresses. Jeanne d’Estresses possuía Lanteuil por conta de uma herança deixada por sua mãe, a Madeleine de Mirandol. O filho deles, Raymond de La Gaye era Visconde de Lanteuil.

Eis a prova de nobreza da família!

Os netos de Raymond de La Gaye, Pierre Charles Hubert – Visconde de Lanteuil na ocasião – e François, emigram para lutar nos exércitos realistas na Suíça durante a Revolução de 1792 . Seus bens em La Gaye e Lanteuil são confiscados.  Pierre Charles Hubert morre no combate e François torna-se Visconde e, depois da restauração da monarquia francesa em 1815, torna-se Conde, recuperando as propriedades de La Gaye e Lanteuil. Ele volta a morar em La Gaye, virando prefeito de Lostanges.

Brasão de Lostanges – detalhe que esse rapaz da foto é um dos antepassados e se parece bastante com um tio. Ficamos impressionados com as semelhanças!!!rs!

Seus filhos, Alphonse e Hippolyte, são os últimos a nascerem em La Gaye. Eles moram lá até a morte do pai, em 1848, quando se mudam para Clemont-Ferrand, no Auvergne, para morar na fazenda Le Monteix (hoje, Le Montet) em Condat-en Combraille, onde em 1894 nasce Henri de Lanteuil, bisavô do Felipe. 

A foto está péssima, mas dá para ver o brasão da cidade de Lanteuil

O bisavô do Felipe – Henri de Lanteuil – lutou na Primeira Guerra Mundial. Ele estava num covento para ser padre quando foi convocado para lutar nas trincheiras. Ele ficou alguns anos lá, até que decidiu seguir para o Brasil numa missão religiosa. Já na Espanha, a sua mãe alcançou-o para tentar convencê-lo a voltar, mas não teve jeito, o destino era Brasil mesmo. Ele partiu, então, rumo ao Brasil , mas chegando em Cananéia, São Paulo, se desencantou com a vida religiosa, abandonou o grupo e foi para o Rio, onde conheceu uma bonita brasileira, dando, assim,  início ao ramo brasileiro dos “de Lagaye de Lanteuil”.

Ufa, depois dessa sessão de história na veia, vamos ao roteiro. Focamos nas regiões Corrèze, Dordogne, Lot e Haute-Vienne. Infelizmente não conseguimos ir à região do Auvergne ver uns vitrais de umas igrejas do trisavô do Felipe, o Hippolyte, por ficar muito longe da onde estávamos.
Ficamos hospedados em Brive-la-Gaillarde, que é a cidade mais populosa da Corrèze, com cerca de 50 mil habitantes. De lá, partíamos todos os dias para visitar as cidades do entorno. Carro é essencial para conhecer essa região.

Brive-la-gaillard

Vou começar pelas cidades que tem relação com a família.  Começamos por Lostanges, cidade na qual La Gaye faz parte. Lostanges é uma cidade com cerca de 130 pessoas. Mas na prática, é quase uma cidade fantasma. Chegamos lá com o objetivo de conhecer uma igreja do século XII – construída no lugar de uma antiga fortaleza – e também a associação dos amigos de Lostanges, onde se encontram documentos históricos sobre as famílias da região, inclusive da família La Gaye. Batemos na casa de uma senhora que nos abriu a igrejinha, que tem um retábulo muito bonito, recém restaurado. Ela simpaticamente chamou um outro senhor, que abriu a Assossiação para a gente. Lá, vimos a pasta com as cópias dos documentos sobre a família La Gaye (títulos de nobreza, certidões de casamento, nascimento, etc).  O próximo ponto de interesse era La Gaye, vilarejo de Lostange, para onde partimos logo em seguida.

Lostanges

Em La Gaye, o objetivo era ver as ruínas do castelo da família, que foi destruído na época da revolução francesa e as suas pedras, roubadas para a construção de casas na área. La gaye é minúsculo, tem apenas 4 casas. Assim que chegamos uma senhora de uma outra casa apareceu para perguntar o que queríamos (afinal, quantas pessoas passam por lá por dia?) e aproveitou para oferecer a casa dela, construída com as pedras do antigo castelo, que estava à venda. Tentamos em vão contactar alguém da casa onde as ruínas do castelo se encontram, mas não obtivemos nenhuma resposta, infelizmente.
Visitamos também o Castelo D’Estresses, que pertencia a Jeanne d’Estresses, também ancestral da família. O castelo abriu recentemente à visitação. E o tour foi super legal e bem pessoal. O atual dono faz o tour, explicando detalhes de sua construção, como a sua família adquiriu o castelo, algumas curiosidades da história dele (no pós-revolução, o castelo foi dividido e chegou a pertencer a 3 famílias diferentes, visto as dificuldades para mantê-lo). O tour foi bem longo, já que o dono do castelo parecia bem empolgado e apaixonado por aquilo que estava fazendo. A sua esposa, prefeita de Astaillac, veio depois nos cumprimentar, acompanhando parte do tour, e esbanjou simpatia como o seu marido.

Chateau d’Estresses

Chateau d’Estresses

Lanteuil também foi emocionante conhecer, a família estava muito empolgada. A cidade também é bem pequena, mas maior que Lostanges e La Gaye. Ela tem por volta de 500 habitantes e uma igrejinha do século XV. Há também o castelo de Lanteuil, que um dia foi da família, que se desfez dele quando se mudaram para o Auvergne
Ele estava fechado, então não rolou de ir lá bater na cara de pau e pedir para conhecê-lo por dentro. Mas conseguimos ver a igreja. Assim que chegamos, fomos abordados pelo presidente da associação folclórica e o prefeito da cidade. E eles foram uma simpatia! Abriram a igreja para a gente e nos levou à prefeitura.  O prefeito, ainda, nos levou em sua casa para conhecermos a sua cave (adega) do século 16. Quanta gentileza! Só faltou mesmo abrir um vinho e tomar com a gente… rs! Voltamos a Lanteuil uma segunda vez para almoçar lá e comprar algumas souvenirs e não nos arrependemos. Paramos num restaurante familiar local (Lanteuillois) e comemos uma comidinha super ultra caseira honestíssima, boa e barata. As cidades são tão pequenas que os prefeitos parecem síndicos, totalmente acesssíveis.
No mais, demos uma parada em Martel, a cidade das 7 torres, para ver as torres de Tournemire e Mirandol, de famílias ancestrais. Fomos num domingo de Páscoa e a cidade estava bem vaziinha, então foi uma parada bem rápida.
Martel - foto internet
E ainda vimos o Castelo de Mirandol, que se localiza numa propriedade privada, mas mesmo assim entramos nela para perguntar se podíamos vê-lo. E, mesmo receosos de sermos mal recebidos, conseguimos chegar no castelo! Ele estava alugado para uma outra família, que nos permitiu tirar uma foto de fora.

Mirandol

Bem, esse foi o roteiro familiar. No outro post, escreverei sobre as outras lindas cidades que visitamos não relacionadas à família e, vamos dizer assim, mais turísticas.
Informações práticas:
– nesse site, feito por um “de Lagaye de Lanteuil” do ramo francês, podem ser encontradas informações mais detalhadas sobre a família: http://mapage.noos.fr/ddel/histoire/histoire.htm
– ficamos num hotel em Brive duas estrelas bem bom, chamado Ace.
– eu não sou especialista na história da família, então posso ter confundido algo. Aliás, só consegui escrever esse post graças ao sogrão, o verdadeiro entendedor. Então, muitas das coisas que escrevi aqui são falas e histórias vindas dele, que estudou, pesquisou e ouviu da própria boca do seu avô, o Henri.

Paris, mon amour!

2 abr

Paris é uma daquelas cidades que dispensa maiores apresentações. Acho que deve ser a cidade mais turística do mundo, de repente não em volume de turista, mas em divulgação. Quantos filmes, livros não tiveram como palco a Cidade da Luz? Paris habita no imaginário mundial como a cidade do romantismo, do amor, da poesia, do refinamento, da arte…então ir à Paris pela primeira vez foi estranho. Tive a sensação de déjà vu, parecia realmente que estava apenas reencontrando aqueles monumentos e ruas que vi tantas vezes em fotos e em filmes, e não sendo apresentada pela primeira vez à cidade.

Parafraseando uma amiga minha, a Julinha, Paris é o melhor clichê do mundo. Adorei passear pelo Sena, assistir o pôr-do-sol na Sacre Coeur, avistar a Notre Dame, ver a torre Eiffel de muitos ângulos, me impressionar com o tamanho dos Arcos do Triunfo, amar o jardim do Rodin, ver as padarias com filas e um bando de franceses carregando o seu vício – o pão -, as lojinhas de queijos e de vinhos, os muitos bistrôs, as barracaquinhas de crepe com nutela, etc.

Pont des arts

Paris é monumental, claramente uma cidade planejada, com vias largas e edifícios gigantes e suntuosos. Londres é apertada, bem industrial mesmo e isso me chamou a atenção, os espaços. Londres é dos parques (que no passado eram locais de caça), então são mais rústico e grandes. Paris é das praças e jardins, com aquelas cadeirinhas, chafarizes e estátuas. E lá eu entendi perfeitamente a expressão “ver a moda passar”. As mesas dos cafés ficam todas alinhadas voltadas para a rua, parecendo uma arquibancada, uma fila de cinema, e o pedestre é o filme, a atração, a moda passando…

Jardim de Tuileries


Ficamos pouco tempo na cidade, apenas um fim de semana prolongado, o que é bem pouco se você quiser visitar todas as atrações da cidade, que são inesgotáveis. Geralmente, todo munda fala que se você não tiver muitos dias em Paris, para não entrar no Louvre. Mas eu não queria deixar de entrar num dos maiores museus do mundo de jeito algum. E foi tão simples de entrar. Chegamos lá na hora sem ingresso e esperamos somente 10 minutos para acessá-lo. E valeu muio a pena. De fora, o Louvre já impressiona, pelo tamanho do prédio. O Louvre é o maior palácio da Europa e o segundo maior prédio do continente em área construída (perde para um da Romênia). O valor do ticket é bem honesto, 10 euros, comparando com os museus de Florença e Barcelona, que são bem carinhos. Reservamos o domingo chuvoso para passar lá dentro. O próprio museu fornece um folheto informativo indicando as obras mais importantes.

Louvre

Louvre

O encontro com a Monalisa foi desconfortante. É chocante ver a multidão que se aglomera ao redor do quadro para tirar uma foto com ela. Nem estou dizendo que ela não merece, pois realmente não entendo de arte a ponto de dizer sobre seu valor artístico. Mas com certeza deve ter um contexto histórico que a fez ficar tão famosa. Uma amiga me disse que ela sempre foi famosa, mas ficou bem mais depois que foi roubada do Louvre. Mas ver os outros quadros abandonadinhos e a Monalisa como a pop star do museu me incomodou. Obviamente eu garanti também a minha foto com a Monalisa, por via da dúvidas, como a massa, mas não há como negar que a Monalisa é um produto. A gente tira foto dela antes mesmo de tentar vê-la e apreciá-la enquanto objeto de arte. E aí vem aquela história recorrente sobre o que é arte, quem determina se uma coisa é arte ou não, a passividade do espectador diante da obra, como determinar o valor que uma obra tem, quem determina isso…e por aí vai.

Monalisa pop star

Bairro que eu adorei foi Montmartre, onde se localiza a lindíssima Sacre Coeur. Fomos para lá ver o pôr-do-sol e Paris de cima. Tinha uma multidão de turistas lá na escadaria fazendo o mesmo, e rolou até um Michel Teló, para acabar com todo o glamour Parisiense, mas tudo bem.;) Estávamos na casa de uns amigos que moram em Paris e a minha amiga se encontrou com a gente lá para fazermos um happy hour num “pé-sujo” de vinhos, tudo que queríamos e precisávamos depois de um dia intenso de andanças. Na frente, é uma loja de vinhos e nos fundos tem umas poucas mesas, um balcão e um banheiro precário. Como não precisamos mais do que isso mesmo, tomamos uns bons vinhos lá e comemos frios e queijos deliciosos num preço camarada. O local se chama La Cave des Abbesses, em Montmartre mesmo.

Basílica de Sacre Coeur

No mesmo dia, esticamos num bar bem legal em Belleville, bairro onde abriga uma grande comunidade chinesa. Este bairro fica no 20 arrondissement, não é perto do Centro e pesquisando para escrever este post, descobri que foi nesse bairro que Edith Piaf nasceu e que o bairro é um pouco estigmatizado por ser no passado uma área de imigrantes e pobre da cidade. Atualmente, ele está virando um bairro cool, já que artistas de todos os tipos tem se mudado para lá, em busca de preços menos inflacionados e também por conta da diversidade do local. Achei essa reportagem da revista Boa Viagem bem interessante sobre o bairro. Nela, quem tiver interesse, se pode encontrar informações mais detalhadas:  http://oglobo.globo.com/boa-viagem/cores-do-mundo-nas-ruas-de-belleville-bairro-de-edith-piaf-4105791 (pena que encontrei essa reportagem depois, pois fiquei com muita vontade de explorar o bairro melhor). Enfim, fomos a um bar bem interessante lá chamado Mon café chérie. O bar era aberto, com mesas do lado de fora e pessoas em pé papeando, e dentro rolava um DJ excelente, tocando músicas alternativas. Nada como estar com “nativos” para conhecer esse lugareszinhos.

Mon Café Chérri

Ficamos hospedados na Bastille – quem não lembra da “Queda da Bastilha”, um dos eventos que marca o início da Revolução Francesa que somos obrigados a estudar em História? – sim, é ela, antes prisão, hoje uma praça. Pegamos uma manifestação da esquerda lá (claro!). Parece que o SarKozy está com um discurso bem radical, se aproximando da extrema direita para angariar votos. Isso é motivo de preocupação para os imigrantes do país, que provavelmente sofrerão com a plataforma de governo conservadora e o temor de que a França caminhe para um ‘fascismo’ é crescente. Li essa coluna outro dia que apresenta um olhar sobre a situação política atual francesa: http://colunas.revistaepoca.globo.com/mulher7por7/2012/03/17/xenofobia-o-grande-mal-da-franca-e-porque-o-brasil-deve-tomar-cuidado/

Na praça da Bastille

Bem, para completar toda a experiência intensa que tivemos no fim de semana prolongado, ainda fomos recebidos maravilhosamente bem pelo super casal gênio, que tornou a nossa viagem muito melhor!

Casal gênio.

Momento Marilyn em frente ao Molin Rouge.

Para quem está em Londres, vale a pena dar uma olhada no site da Eurostar. O trem liga o centro de Londres ao centro de Paris em apenas 2h15min. É muito conveniente, já que aeroportos geralmente são mais afastados do centro e sempre se perde tempo e dinheiro para acessá-los, sem contar toda aquela burocracia de aeroporto (segurança, check-in, etc). Sempre tem promoção, pegamos uma na qual os tickets estavam custando apenas 59 libras ida e volta!!!

Grenoble e Alpes

5 mar

Bem, continuando a minha série de posts atrasados de viagem, acho que hoje finalizo a minha “dívida”. Na verdade, ainda teria uma viagem pendente que fiz a Edinburgo, Glasgow e Dundee, na Escócia, mas terei que deixar passar por enquanto. Temos queridos amigos morando em Dundee, e da próxima vez que formos visitá-los (fomos duas vezes já), faço uma post sobre lá decente e atualizado.

Grenoble

Sem mais blá blá blá, o que falar dessa viagem delícia? Na verdade acho que meus posts de viagem acabam sendo meio redundantes, pois sempre acho tudo maravilhoso, impressionante e surpreendente! Acho que cada lugar tem suas particularidades, o seu charme e é difícil fazer um ranking. Acho que das viagens que fiz, só uma cidade não me impressionou, que foi Glasgow. Acho que não voltaria lá, a não ser que tivesse um motivo…

Muitos bares e restaurantes ao ar livre

Grenoble surgiu no nosso roteiro de viagem porque o Felipe tem queridíssimas primas francesas que moram lá, nos pés dos Alpes. Então como estávamos querendo esquiar, a gente uniu o útil ao agradável, visitar uma das primas (a outra estava no Camboja na ocasião) e aproveitar para esquiar.

Essas montanhas nevadas que circundam Grenoble deixam a cidade um charme!

E foi tudo perfeito. Sabe aquelas viagens que você descansa, não tem pressa para nada? Foi assim. Voamos para o aeroporto de Grenoble, o que não foi uma boa opção, pois o aeroporto é bem pequenino e as opções de transportes públicos para a cidade são escassas. Para acessar Grenoble, o melhor aeroporto é o de Lyon, pois há mais opções para chegar na cidade. Porém, o aeroporto de Grenoble é o mais próximo de Alpe d’Huez, a estação de esqui dos Alpes.

Grenoble vista da Bastille

Fomos maravilhosamente bem recebidos pela priminha francesa, que foi nos pegar no aeroporto com uma amiga, passeou com a gente na cidade, fez jantar especial, enfim, ficou todo o fim de semana conosco, proporcionando-nos boa companhia, comidas maravilhosas e bons vinhos. Confesso que é uma emoção consumir todas as delícias francesas, tão caras no resto do mundo, a preço de banana lá. Um parênteses para o pain au chocolat, que é um croissant recheado com chocolate…comer essa delícia fresquinho, saindo do forno, é algo divinamente divino! =)

Comendo Raclete pela primeira vez...

Grenoble é uma cidade universitária, então tem um clima gostoso, jovial. O tempo estava bom e tinha um monte de estudantes nos parques namorando, jogando algo, bebendo e os bares ao ar livre estavam lotados. Ficamos horas sentados num parque em ócio absoluto….

Parque...

Visitamos a Bastille (Forte, localizado num topo de um morro), que pode ser acessada por bonde ou à pé. De lá, os visitantes tem uma vista excelente da cidade e das montanhas nevadas que circundam a cidade.

Bastille

De Grenoble, fomos de carro até Alpe d’Huez sem GPS, seguindo placas. Nos perdermos várias vezes, é claro, mas foi ótimo para conhecer cidadezinhas minúsculas no meio do caminho. Acabamos parando numa cidadezinha chamada Bourg D’Oisans, onde as primas do Felipe moraram por anos. Pegamos a feirinha de sábado, super local, com todos aqueles queijos frescos deliciosos, vinhos, peixes e verduras.

Bourg d'Oisans

Subimos para a estação de esqui, encontramos um tio do Felipe que ele não via há anos, e que trabalha lá, o que nos deu acesso livre à estação.

Alpe D'Huez

Infelizmente a pista de esqui para iniciantes estava descongelando e não pudemos praticar. Mas mesmo assim adorei passar o dia lá e sentir o clima. Acho que deve ser excelente ficar hospedado na estação.

Subimos de teleférico no ponto mais alto, 3800 metros, da onde se podia ver Suíça e Itália. O melhor foi ver família inteira descendo montanha abaixo, com seus filhotes minúsculos! Impressionante!!! Muita criança de 4, 5 anos já fera, dominando completamente o esporte…

Como tudo que é bom dura pouco, o fim de semana prolongado passou num piscar de olhos, deixando de antemão saudades de uma vida calma nunca vivida num lugar pequenino qualquer desse mundão…

Queridíssima! Almoço de despedida...

Hora de dar tchau...