Arquivo | junho, 2012

Mônaco

26 jun

Continuando o post anterior sobre a viagem que fizemos pelo sul da França, visitamos também Mônaco. Mônaco é uma cidade-estado independente com um regime político de monarquia constitucional. É a segunda menor cidade-Estado (o primeiro é o Vaticano) do mundo e a mais populosa. Possui uma área de somente 2 quilômetros quadrado e uma população de quase 36000 hab (de fronteira terrestre só possui 4 km!!!).

Selva de Pedra!

Sabe aquela frase que às vezes ouvimos de que a pobreza pode ser vista? O contrário também é verdadeiro. Em Mônaco a riqueza pode ser vista na exuberância das roupas, vitrines, carros e grandes iates. E isso me incomodou um pouco. Achei tudo demais em Mônaco. Apesar de ter um mar lindo que o costeia, mal se pode ver o azul do mar de tantos barcos estacionados nos portos. De repente é um preconceito meu bobo ou um olhar muito ingênuo de quem passou só 1 dia na cidade, mas mesmo assim estranhei o local, fiquei um pouco chocada com a quantidade de gente rica num lugar só! Não parava de pensar na música “Oh, mundo tão desigual, tudo tão desigual, de um lado este carnaval, do outro a fome total”.

Monte Carlo

Bem, saindo do sentimentalismo barato, fomos a 1 semana do Grand Prix histórico e a cidade estava toda voltada para a corrida. As arquinbancadas estavam sendo montadas, palanques e isso aumentou a minha sensação de que estava sempre numa pista de fórmula 1 e de que a qualquer momento um carrinho daqueles ia passar em alta velocidade ao meu lado. As ruas de Mônaco são tão familiares por conta da fórmula 1 que em vários momentos tinha a sensação de já ter estado lá.

Começamos o nosso passeio por Monte Carlo, distrito onde tem o famoso cassino. Além do cassino Monte Carlo – onde só se para carrões indescritíveis e  assusta só de passar na porta – há o Café de Paris na mesma praça, cassino mais popular, para os simples mortais.

Cassino Monte Carlo – Ricardo Acioli

Depois descemos para o porto (há elevadores e escadas rolantes na cidade) e margeamos a costa sentido Monaco-Ville, onde fica a residência oficial da família real de Mônaco, a prefeitura, a catedral (onde membros da família real estão enterrados, inclusive a famosa atriz norte americana Grace Kelly, a princesa Grace de Mônaco, que morreu num acidente de carro em Mônaco em 1982), um museu oceanográfico (que não entramos) e algumas ruazinhas turísticas com restaurantes e lojinhas. Sinceramente achei essa parte mais simpática do que Monte Carlo. O legal é que esse distrito fica no alto e de lá se tem uma boa vista do mediterrâneo e da cidade como um todo.

Residência da Família Real

Monaco Ville

Para terminar, a chegada em Mônaco também foi emblemática. Estávamos na estrada, ainda sem saber quanto tempo faltava para chegármos a Mônaco, quando, numa curva, passou um carro conversível com um homem ao volante e uma mulher ao lado com um lencinho na cabeça. Até aí tudo bem, mas logo em seguida passaram mais dois carros com a mesma disposição. Achamos que estava rolando alguma filmagem de algum filme antigo na região, pois não era possível três carros conversíveis com uma mocinha ao lado com lencinho na cabeça passar assim um seguido ao outro. Ledo engano: havíamos, sim, chegado em Mônaco!

Em vez de carros, barcos!

Uma das muitas ferraris de lá…

Sul da França

8 jun

Esta viagem foi super inesperada. Uma amiga estava vindo do Brasil e queria encontrar comigo e com uma outra amiga que mora na França. Pensamos, então, num território neutro. E deu tudo certo. Um sugeriu o sul da França e quando conferimos, as passagens estavam bem baratas, considerando  que a região é caríssima, principalmente no verão.

A princípio, pensamos em ficar num albergue em Nice, cidade para qual era o nosso vôo de chegada e partida. Porém, os preços estavam bem elevados. Como éramos 5, decidimos alugar um carro e ficar numa cidade ao lado de Nice (10 min do aeroporto), chamada Cagnes-sur-mer. E, por muita sorte, pesquisando hospedagem no site expedia, achamos um apê de dois quartos para alugar. Perfeito!

Apê

Economizamos muito, na verdade. Ficar numa casa sempre é mais barato. Fazíamos compras num supermercado perto e comemos fora mesmo somente dois dias. Um dia em Mônaco, quando estava comemorando 11 anos de namoro, ocasião especialíssima, e no último dia, quando fizemos questão de fazer um almoço longo para nos despedir da França e dos amigos, já que cada um seguiu para um lugar diferente. A gente fazia um café-da-manhã reforçado, beliscava qualquer coisa durante o dia e à noite passávamos no mercado para comprar comida e vinho. E o mercado é bem barato, se pode comprar queijos deliciosos a preço de banana e vinho também.

Almoço de despedida em Villefranche-sur-mer

Bem, mas voltando ao que interessa. Nessa viagem combinamos cidades de praia com cidades de montanha. Passamos, basicamente, pelas seguintes lugares: Nice, Vence, St Paul de Vence, Èze, Cannes, Juan-le-Pin, Villefranche-sur-mer, Cap Ferrat e Mônaco (que é uma cidade-estado, ou seja, independente e com governo próprio)

Café-da-manhã na varanda

Nice é uma cidade bem populosa, a quinta maior da França. Para falar a verdade, não exploramos muito Nice não. Basicamente caminhamos pela famosa Promenade des Anglais ( a avenida atlântica de Nice), visitamos a parte velha da cidade (bem charmosinha) e subimos numa espécie de fortaleza para ver Nice de cima. Além disso, tentamos ir a um cassino na Promenade des Anglais, mas foi bem caído. Ele era pequeno e o clima estava bem estranho, muitas pessoas vidradas olhando aquelas maquininhas…não curti não!

Promenade des Anglais – Nice

Vence é uma cidade localizada nos Alpes Marítimos. Visitamos a vila medieval do século 12, bem interessante. Essa parte é toda murada e ficamos impressionados com a arte de rua dela. Havia vários grafites interessantíssimos.

Vence

Mas gostei mais de Saint-Paul de Vence, que fica bem ao lado de Vence, no alto de uma montanha, com uma vista lindíssima da região. A cidade é micro, mas lotada de galerias de arte e restaurantes. A cidade tem uma tradição de abrigar artistas e ela respira arte mesmo, parecendo ser este o carro-chefe dela.

St Paul de Vence

St Paul de Vence

Fomos a Cannes também. Chegamos e fomos direto para a praia. O tempo estava excelente nesse dia e queríamos curtir um pouco o Sol. Depois fomos andar na Croissete, a famosa orla de Cannes, cheia de lojas carérrimas, hotéis e onde ocorre o famoso festival de cinema. Adorei o clima de Cannes! Fomos 1 semana antes do festival e pegamos toda a montagem dele. A cidade estava respirando cinema…no pôr-do-sol, fomos para a cidade de velha, que fica no alto e tem uma ótima vista da cidade.

Praia de Cannes

Eu tietando a mão da Meryl Strepp…rs!

Estação de ônibus – cinema para todo o canto

No caminho para Cannes paramos em Juan-le-Pins, umas das praias da região que Brigitte Bardot frequentava. Na verdade ela não tem nada demais, mas foi bom, de qualquer forma, para dar um mergulho e pegar um solzinho.

Juan-le-pins/Foto: Ricardo Acioli

Èze também é uma cidadezinha medieval no topo de um morro. A diferença é que ela tem uma linda vista para o mar mediterrâneo. Ela é mais uma cidadezinha charmosa da área, cheia de restaurantes e galerias de arte.

Villefrance-sur-mer foi uma das cidades de que mais gostei, juntamente com Cannes. Ela fica na encosta, margeando o lindo azul do mar. É lindíssima e cheia de restaurantes ao ar livre charmosos. De tão linda, já foi cenário de vários filmes. Fizemos questão de fazer um longo almoço ao ar livre, para aproveitar o delicioso clima da cidade.

Me apaixonei por essa cidade / Villefranche-Sur-Mer

Villefranche-sur-mer

Villefranche-sur-mer – não é à toa que essa região é chamada de Costa Azul/ Foto: Ricardo Acioli

Paramos também em Cap Ferrat que, como as outras, tem um porto cheio de barcos carérrimos e restaurantes ao ar livre para aproveitar o bom clima costeiro.

Próximo post: Mônaco!

Hotel: Residence Le Crystal

Mapa:

A odisséia…

5 jun

Chegar ao Brasil foi uma verdadeira saga. Uma jornada prevista para durar 15 horas, durou 37! Nesse tempo, de um tudo aconteceu! Correria dentro do aeroporto, filas absurdas e confusão na segurança do aeroporto de Paris, perda da conexão, barraco no balcão de atendimento da Air France, descaso, estresse, espera de mais de 12 horas para embarcar novamente, calor, pouso de emergência em Campinas, neblina, espera sem fim…

Enfim, poderia detalhar aqui tudo de absurdo e surreal que ocorreu nessa viagem, mas o que quero falar mesmo é do brasileiro.

O cenário vocês já conhecem, várias pessoas indignadas no balcão da Air France por conta de todo o ocorrido. Ninguém se conhecia, cada um estava vindo de um lugar diferente, Barcelona, Roma, Londres, Edinburgo….o de comum, a brasilidade, o cansaço e o caos.

E então, diante da falta do que fazer, todos se encaminharam para um restaurante/bar do aeroporto para comer algo. E assim ficamos por 12 horas tagarelando sem parar. Nesse tempo, viagens foram compartilhadas, experiências trocadas, risadas profundas dadas, promessa de viagem conjunta, jantares marcados na casa de uns, sacaneações, promessa de “noivado” (rs!), cerveja(s) e muita solidariedade!

Alguém de fora poderia jurar que estávamos numa escursão e nos conhecíamos há anos, diante do animado papo sem fim. No fim, todos estavam utilizando internet do outro, usando telefone, pedindo dinheiro para a vaquinha da cerveja, tomando conta de malas e rindo muito de tudo…

E é isso que não tem igual. Nosso povo tem uma capacidade de se tornar amigos num instante de segundo. Muitos vão argumentar de que isso é uma amizade falsa, que provavelmente nunca mais nos veremos e muito menos nos falaremos. Mas e daí? Acho que a intensidade com que estamos na relação, o calor humano, a afetividade, a solidariedade e a união em momentos de drama é impagável.

Depois de dois anos e meio morando fora, acho que hoje consigo ter um olhar externo sobre nós mesmos (ou será romantizado?). E o que fica visível para mim quando lido com brasileiros, ou quando estou no Brasil, é esse humor que temos diante das muitas situações adversas; tudo pode estar uma droga, mas ainda assim conservamos um sorriso no rosto! Não sei, fico bem encantada com essa coisa do brasileiro “tirar água de pedra”, “de rir da própria desgraça” e com essa potência e intensidade das nossas relações interpessoais.

E, isso, mermão, não é pouca coisa não!!!