Arquivo | abril, 2013

A primeira consulta e o NHS

20 abr

Aqui o sistema de saúde é público e gratuito para os residentes do Reino Unido, mesmo para aqueles com residência temporária, que estão aqui com visto de estudante por tempo determinado.

Ele se chama NHS (National Health System), criado em 1948, e é mantido pelos impostos pagos por todos nós. O sistema, na prática, funciona da seguinte forma: em todos os bairros há um GP (General Practice), que é uma espécie de posto de saúde do bairro; o serviço é regionalizado, você não pode ser acompanhado por um GP fora da sua área de residência.

O GP é a sua porta de entrada, é o local onde a sua saúde será acompanhada. Lá você tem consultas gerais, pega pílulas e camisinhas, remédios (para aqueles que tem isenção total), faz pequenos exames, como de sangue e urina, participa de grupos para fumantes, mães, bebês, etc. Se por acaso você precisar de um atendimento especializado, o GP te encaminha para um hospital para fazer exames mais elaborados e/ou ser acompanhado por um especialista.  Sim, você em nenhum momento escolhe o seu tratamento, o que é uma angústia para nós brasileiros com plano de saúde, que decidimos qual médico devemos visitar…

Bem, agora que estou gravidíssima, tudo muda. Estou ansiosa para saber como funcionará o meu acompanhamento, se o sistema funcionará mesmo. Apesar de estar morando aqui há quase 3 anos, nessas situações a gente se dá conta do quão estrangeiros somos. Não faço ideia de como será o meu pré-natal, provavelmente diferente do Brasil, pois a cultura é outra e a política de saúde também…

Enfim, assim que descobri a gravidez, fui ao GP para iniciar o pré-natal. A primeira consulta foi engraçada, muito mais burocrática do que clínica. Cheguei e falei que estava grávida e a médica me perguntou “Você está feliz com isso?”. Na hora achei a pergunta estranha, mas respodi, “é claro!!!”. Mas depois lembrei que aqui o aborto é legalizado (é claro, há ressalvas, mas ele é discutido dentro do sistema. Ver mais sobre  aqui) e eu poderia estar procurando o GP para terminar a gravidez e não para iniciar o pré-natal…

Depois ela me pesou, tirou minha pressão e falou que eu tinha que decidir qual hospital eu gostaria de fazer o pré-natal e ter o bebê, se fosse o caso de eu querer ter em hospital (aqui você pode fazer parto em casa, 1 em cada 50 partos no Reino Unido são feitos em casa). Ela me deu duas opções, eu escolhi uma e online ela fez o meu encaminhamento para essa maternidade e me disse que em 7 dias o hospital entraria em contato comigo.

E assim aconteceu, 3 dias depois recebi uma carta, uma com uma consulta agendada para 10 semana e a primeira ultra para 12 semana. Ela também me entregou vários folhetos informativos, excelentes, sobre os meus direitos e também um formulário para eu receber insenção em medicações, pois grávidas não pagam remédios aqui.

Os remédios na Inglaterra são subsidiados em parte pelo governo. Com uma receita do NHS, o máximo que você pode pagar é 7,75 libras, mesmo o remédio custando 100 libras. A distribuição de pílulas é totalmente gratuita e alguns grupos tem isenção total, como diabéticos, pessoas em tratamento ao câncer, epilepsia, maiores de 60 anos, menores de 16 e etc. Na Irlanda do Norte, País de Gales e Escócia, medicamentos são totalmente gratuitos para qualquer um.

O meu estranhamento maior foi a médica não ter pedido um exame de sangue para confirmar a gravidez, super confiou na minha palavra. Imagina se a pessoa aqui está sofrendo de gravidez psicológica? rs! A outra parte chata é esperar até o terceiro mês para fazer a primeira ultra. Super ansiosa para ouvir o coraçãozinho do baby bater e ter certeza de que está tudo bem…mas o que me resta agora é esperar, esperar…

Obs: texto escrito em dezembro de 2012 e perdido entre tantos textos começados e não terminados.

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