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Paris, mon amour!

2 abr

Paris é uma daquelas cidades que dispensa maiores apresentações. Acho que deve ser a cidade mais turística do mundo, de repente não em volume de turista, mas em divulgação. Quantos filmes, livros não tiveram como palco a Cidade da Luz? Paris habita no imaginário mundial como a cidade do romantismo, do amor, da poesia, do refinamento, da arte…então ir à Paris pela primeira vez foi estranho. Tive a sensação de déjà vu, parecia realmente que estava apenas reencontrando aqueles monumentos e ruas que vi tantas vezes em fotos e em filmes, e não sendo apresentada pela primeira vez à cidade.

Parafraseando uma amiga minha, a Julinha, Paris é o melhor clichê do mundo. Adorei passear pelo Sena, assistir o pôr-do-sol na Sacre Coeur, avistar a Notre Dame, ver a torre Eiffel de muitos ângulos, me impressionar com o tamanho dos Arcos do Triunfo, amar o jardim do Rodin, ver as padarias com filas e um bando de franceses carregando o seu vício – o pão -, as lojinhas de queijos e de vinhos, os muitos bistrôs, as barracaquinhas de crepe com nutela, etc.

Pont des arts

Paris é monumental, claramente uma cidade planejada, com vias largas e edifícios gigantes e suntuosos. Londres é apertada, bem industrial mesmo e isso me chamou a atenção, os espaços. Londres é dos parques (que no passado eram locais de caça), então são mais rústico e grandes. Paris é das praças e jardins, com aquelas cadeirinhas, chafarizes e estátuas. E lá eu entendi perfeitamente a expressão “ver a moda passar”. As mesas dos cafés ficam todas alinhadas voltadas para a rua, parecendo uma arquibancada, uma fila de cinema, e o pedestre é o filme, a atração, a moda passando…

Jardim de Tuileries


Ficamos pouco tempo na cidade, apenas um fim de semana prolongado, o que é bem pouco se você quiser visitar todas as atrações da cidade, que são inesgotáveis. Geralmente, todo munda fala que se você não tiver muitos dias em Paris, para não entrar no Louvre. Mas eu não queria deixar de entrar num dos maiores museus do mundo de jeito algum. E foi tão simples de entrar. Chegamos lá na hora sem ingresso e esperamos somente 10 minutos para acessá-lo. E valeu muio a pena. De fora, o Louvre já impressiona, pelo tamanho do prédio. O Louvre é o maior palácio da Europa e o segundo maior prédio do continente em área construída (perde para um da Romênia). O valor do ticket é bem honesto, 10 euros, comparando com os museus de Florença e Barcelona, que são bem carinhos. Reservamos o domingo chuvoso para passar lá dentro. O próprio museu fornece um folheto informativo indicando as obras mais importantes.

Louvre

Louvre

O encontro com a Monalisa foi desconfortante. É chocante ver a multidão que se aglomera ao redor do quadro para tirar uma foto com ela. Nem estou dizendo que ela não merece, pois realmente não entendo de arte a ponto de dizer sobre seu valor artístico. Mas com certeza deve ter um contexto histórico que a fez ficar tão famosa. Uma amiga me disse que ela sempre foi famosa, mas ficou bem mais depois que foi roubada do Louvre. Mas ver os outros quadros abandonadinhos e a Monalisa como a pop star do museu me incomodou. Obviamente eu garanti também a minha foto com a Monalisa, por via da dúvidas, como a massa, mas não há como negar que a Monalisa é um produto. A gente tira foto dela antes mesmo de tentar vê-la e apreciá-la enquanto objeto de arte. E aí vem aquela história recorrente sobre o que é arte, quem determina se uma coisa é arte ou não, a passividade do espectador diante da obra, como determinar o valor que uma obra tem, quem determina isso…e por aí vai.

Monalisa pop star

Bairro que eu adorei foi Montmartre, onde se localiza a lindíssima Sacre Coeur. Fomos para lá ver o pôr-do-sol e Paris de cima. Tinha uma multidão de turistas lá na escadaria fazendo o mesmo, e rolou até um Michel Teló, para acabar com todo o glamour Parisiense, mas tudo bem.;) Estávamos na casa de uns amigos que moram em Paris e a minha amiga se encontrou com a gente lá para fazermos um happy hour num “pé-sujo” de vinhos, tudo que queríamos e precisávamos depois de um dia intenso de andanças. Na frente, é uma loja de vinhos e nos fundos tem umas poucas mesas, um balcão e um banheiro precário. Como não precisamos mais do que isso mesmo, tomamos uns bons vinhos lá e comemos frios e queijos deliciosos num preço camarada. O local se chama La Cave des Abbesses, em Montmartre mesmo.

Basílica de Sacre Coeur

No mesmo dia, esticamos num bar bem legal em Belleville, bairro onde abriga uma grande comunidade chinesa. Este bairro fica no 20 arrondissement, não é perto do Centro e pesquisando para escrever este post, descobri que foi nesse bairro que Edith Piaf nasceu e que o bairro é um pouco estigmatizado por ser no passado uma área de imigrantes e pobre da cidade. Atualmente, ele está virando um bairro cool, já que artistas de todos os tipos tem se mudado para lá, em busca de preços menos inflacionados e também por conta da diversidade do local. Achei essa reportagem da revista Boa Viagem bem interessante sobre o bairro. Nela, quem tiver interesse, se pode encontrar informações mais detalhadas:  http://oglobo.globo.com/boa-viagem/cores-do-mundo-nas-ruas-de-belleville-bairro-de-edith-piaf-4105791 (pena que encontrei essa reportagem depois, pois fiquei com muita vontade de explorar o bairro melhor). Enfim, fomos a um bar bem interessante lá chamado Mon café chérie. O bar era aberto, com mesas do lado de fora e pessoas em pé papeando, e dentro rolava um DJ excelente, tocando músicas alternativas. Nada como estar com “nativos” para conhecer esse lugareszinhos.

Mon Café Chérri

Ficamos hospedados na Bastille – quem não lembra da “Queda da Bastilha”, um dos eventos que marca o início da Revolução Francesa que somos obrigados a estudar em História? – sim, é ela, antes prisão, hoje uma praça. Pegamos uma manifestação da esquerda lá (claro!). Parece que o SarKozy está com um discurso bem radical, se aproximando da extrema direita para angariar votos. Isso é motivo de preocupação para os imigrantes do país, que provavelmente sofrerão com a plataforma de governo conservadora e o temor de que a França caminhe para um ‘fascismo’ é crescente. Li essa coluna outro dia que apresenta um olhar sobre a situação política atual francesa: http://colunas.revistaepoca.globo.com/mulher7por7/2012/03/17/xenofobia-o-grande-mal-da-franca-e-porque-o-brasil-deve-tomar-cuidado/

Na praça da Bastille

Bem, para completar toda a experiência intensa que tivemos no fim de semana prolongado, ainda fomos recebidos maravilhosamente bem pelo super casal gênio, que tornou a nossa viagem muito melhor!

Casal gênio.

Momento Marilyn em frente ao Molin Rouge.

Para quem está em Londres, vale a pena dar uma olhada no site da Eurostar. O trem liga o centro de Londres ao centro de Paris em apenas 2h15min. É muito conveniente, já que aeroportos geralmente são mais afastados do centro e sempre se perde tempo e dinheiro para acessá-los, sem contar toda aquela burocracia de aeroporto (segurança, check-in, etc). Sempre tem promoção, pegamos uma na qual os tickets estavam custando apenas 59 libras ida e volta!!!